Pé na estrada + Medos + Expectativas

Pé na estrada desde 1 de Agosto. Passamos por Tailandia, Londres e cidades do Brasil.

Quem aqui já mudou de país, sabe muito bem que voltar e readaptar é um processo difícil e demorado.

Bom, desde que chegamos ao Brasil, iniciamos a fase de rever familiares e amigos, para depois chegar na fase de "explorar" nosso novo território (estamos mudando para São Paulo) e encontrar um apê pra morar.

Isso significa: cada semana uma casa diferente (as vezes 3 casas diferentes em uma mesma semana); viver em malas (há 4 meses), experimentar camas duras, moles e outras nem tanto; alimentação bagunçada; carro quebrando; rotina nem pensar. E tudo isso seria beeem mais fácil se não fosse o detalhe de meu próprio corpo estar passando por adaptação física - cinco meses de gravidez, uma pessoinha dentro de mim, tudo diferente, tudo crescendo, dizem que até equilíbrio agente perde.

Buaaaaaa (choro)

Nos últimos 5 dias, de garganta inflamada, acabei desabando de chorar, cansada, pedindo pelo meu cantinho, para que possa finalmente aterrizar no meu lar-doce-lar.

Estiiiiiiicadaaa

Tudo que posso dizer, é que estou me sintindo esticada, mais uma vez, fora de minha zona de conforto. Eu ouvi muito do Dave Gibbons (amigo e pastor da igreja que nos suporta dos EUA) sobre a passagem de amar o próximo como a ti mesmo. Ele diz que nosso próximo é alguém que não se parece com agente, que não é cômodo mostrar o amor. Lembro de Jesus mesmo falando: 'do que adianta amar aquele que te ama?' Mt 5

Eu tenho descoberto o perigo do comodismo, do fácil, do não difícil.
Dave fala de um conceito chamado "Terceira Cultura" (Third Culture), que ele define como "a mentalidade e propósito de amar, aprender, e servir em qualquer cultura ou realidade mesmo que em meio a dor ou desconforto".

Meeeeedo

Tenho medo de me acomodar. Tenho medo de aceitar o normal. Tenho medo de iniciar uma vida dentro da roda da hiperatividade sem tempo pra pensar. Tenho medo do evangelho da prosperidade e de que tudo sempre vai dar certo e vai ficar bem. Tenho medo de esquecer que Jesus foi um "sem-casa", "sem-teto", que andava sem se preocupar se iria ou não chocar seu povo, sendo ele aquele que acolheu e amou aos isolados, os tidos como "impuros"(Mc 5:21-24).

Expectativa bem esperada

Mal posso esperar para começar um novo tempo em nossas vidas.
Novo país (de novo), nova cidade, nova casa, e receber nossa filha!

Mas que esse recomeço seja mais-que-especial. Sem esquecer desse aprendizado que comentei acima. Que eu anseie por meu lar sim, e não anseie com a comodidade cômoda. Que eu mantenha meu coração e meus olhos fixos no alvo, no motivo pelo qual cri que o Senhor nos enviou:
Buscar amar, mesmo que isso signifique amar quem não se parece comigo, quem me 'encomoda', quem não vive segundo 'meeuusss parâmetros e valores' (ui), quem não compartilha da mesma fé, quem sente não se encaixar em lugar algum.

Que Jesus me ensine e me mostre dia após dia como Ele pôde me amar, e amar a todos nós, para que eu possa estender desse mesmo amor.

Sem medo das críticas, sem medo de não ser igual e normal.
Que o orgulho não me persiga, que de uma vez por todas eu deixe de ser egocêntrica.
Que eu entenda o que é considerar os outros superiores a mim mesma (Fil 2:3).

E pra terminar, eu recito uma frase muito marcante (autor desconhecido) que encontramos grafitada num muro de São Paulo: "Eu tenho medo do mesmo"!